Aviso: artigo (potencialmente) polémico
Vi um vídeo todo “ xpto” sobre a (hipotética)
influência que as revistas de moda têm no público feminino. Era uma crítica (agressiva)
ao facto destas publicações encherem a cabeça das mulheres com ideias erradas
sobre a beleza.
De acordo com o conteúdo do vídeo,
as mulheres, depois de lerem uma revista de moda (que normalmente é composta
por uma grande percentagem de anúncios publicitários), passam a achar que não são suficientemente
bonitas, elegantes nem atraentes. Sentem-se inadequadas, imperfeitas, envergonhadas
e deprimidas.
O vídeo denúncia a utilização de
programas de tratamento de imagem, assim como imagens criadas em computador para
gerar mulheres com corpos perfeitos que, na verdade, não existem mas que são vistos como um objetivo a alcançar pelas leitoras.
E continua dizendo que são as
mulheres a partir dos 40 as que mais consomem este tipo de publicação mas que,
em contrapartida, as modelos não são desta faixa etária. As revistas de moda (diz
o vídeo) propagam a imagem negativa do corpo e exaltam, muitas vezes, a
anorexia. Promovem ainda o dinheiro, o sexo e a ilusão enquanto destroem a auto-estima
e fazem uma espécie de lavagem cerebral.
Em tom de radicalismo (desnecessário)
termina dizendo que as revistas de moda deviam ser consideradas ilegais porque
são anti mulheres.
(Suspiro e pausa) É muito para assimilar….penso
(cá para os meus botões) terá sido um
homem a elaborar esta companha ?... Não podia ser uma mulher, pois não?.... uma
mulher teria mais em conta a capacidade das suas congéneres…certo?
Óbvio que não concordo com
(praticamente) nada do que o vídeo diz. Senti-me até um pouco ofendida
com esta abordagem tão “homem das cavernas”.
Vamos lá dissecar o assunto:
- Quem compra revistas de moda
sabe que elas vendem (sobretudo) sonhos e deslumbramento sob a forma de arte
publicitária.
A moda, a cosmética, a perfumaria
(entre outras) estão associadas a imagens com uma beleza surreal e apelativa. E
quanto mais apelativo maior o sucesso de vendas porque a publicidade serve para
vender e sustenta financeiramente as revistas (sejam elas de moda ou não), porque
os anúncios publicitários são pagos.
A publicidade inunda-nos a toda a
hora e não é por isso que deixamos, por exemplo, de ver televisão ou de olhar
para os outdoors nas paragens de
autocarro. Com certeza que quando fazemos isso não sentimos o impulso de correr
em direcção à loja mais próxima. Porque é que havia de ser diferente com o que
se publicita nas revistas de moda?
Termos noção do que podemos e não podemos
comprar é fundamental e se não fizer parte do nosso senso comum então a culpa é
só nossa.
- Se a maior percentagem de leitoras
está na casa dos 40 será de pensar que são mulheres com uma certa experiência
de vida e com uma personalidade mais definida e forte. Estas mulheres conseguem
distinguir o que é real do que não é (digo eu) e sobretudo conseguem ter mais
discernimento do que as adolescentes e jovens.
Desde que a pessoa esteja
convicta das suas limitações e dos seus pontos fortes, não há risco de querer
ser aquela modelo alta, espadaúda e muito gira de vinte e poucos anos (mesmo
que seja uma imagem de computador).
E se a mulher não for segura de
si ? A culpa é da revista? Ou o filme? Ou da telenovela? Ou do livro? Não me
parece….
- As revistas de moda são uma
forma de lavagem cerebral; são um catálogo de produtos; são uma mentira
descarada, relativamente às imagens que publicitam. Incentivam as mulheres à
depressão; fazem-nas querer ser e ter o que está fora do alcance; vendem uma perfeição que não existe, induzindo a mulher a pensar que se não for
perfeita não é mulher suficiente. Obrigam-nas a ser consumistas.
Se as revistas de moda têm este
poder então o que dizer da capacidade da mulher para não se deixar levar e de
pensar pela sua cabeça? Seremos, de um modo geral, assim tão fracas? Onde está
o nosso livre arbítrio?
Quando optamos por comprar ou ler
uma revista de moda estamos a escolher. Esse é o nosso poder. Aquele que usamos
(ou devíamos usar) conscientemente e que nos confere liberdade.
Se ficamos ou
não influenciadas pelo que lemos ou vemos só depende de nós.
- Se uma mulher tiver capacidade
de discernimento ou “dois dedos de testa”…o que quiserem chamar… saberá
distinguir a ficção da realidade, saberá o que pode e não pode almejar, saberá
ignorar o que não interessa e interiorizar o que é relevante para a sua vida.
Fugir não é a solução. Deixar de
comprar revistas com medo de ser influenciada é “dar a mão à palmatória” a quem
afirma que a mulher tem um espirito fraco. E partir do princípio que todas as
mulheres se sentem diminuídas com uma simples revista de moda é errado. Há
mulheres que vêm a revista de moda tal como ela é…uma simples publicação, que
como muitas outras, tem um objetivo muito especifico: vender.
- O único alerta, de suma
importância, é o facto destas revistas influenciarem as camadas mais jovens da
população, tanto pelo uso de modelos menores de idade (isto, sim, devia ser
proibido) como pelo facto de não levarem em conta que a personalidade dos
adolescentes e jovens os leva, muitas vezes, à imitação.
Mas, neste aspeto, uma revista de
moda pode ser tão perigosa como um programa de televisão, um jogo de
computador, a página do facebook ou um blogue.
Aqui entrará, com certeza, alguma educação por parte das familias e
nas escolas.
No fundo, parece-me ridículo que
as mulheres se sintam afetadas ou ameaçadas por simples revistas de moda.
Se
isto acontece, então:
MULHERES! Gostem mais de vocês mesmas e reforcem a vossa personalidade porque não me parece que a solução seja aniquilar as publicações do género.
MULHERES! Gostem mais de vocês mesmas e reforcem a vossa personalidade porque não me parece que a solução seja aniquilar as publicações do género.
A minha revista de moda preferida (sem qualquer problema). |
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