Passadiços do Paiva

Está decidido.
Vou recomendar os Passadiços do Paiva a todos os meus inimigos.
Vou dizer-lhes que é um passeio inesquecível.
Vou mostrar-lhes fotografias da paisagem maravilhosa, do rio fantástico e da incrível estrutura em madeira e os vídeos com o barulho da corrente e das cascatas e o chilrear dos passarinhos.
Vou jurar a “pés juntos” que se faz com uma “perna às costas” porque, apesar do site dizer o contrário, não é tão penoso assim.
Vou incita-los a levar a família (pais, avós, crianças de colo e “andantes” e o cão) para a experiência ser completa: puro divertimento para todos.
Vou aconselhar que façam ida e volta, alegando que a perspectiva é diferente e que, por isso, vale mesmo a pena.
Aposto que os meus inimigos vão a correr para lá.
Coitados, mal sabem o que os espera (e esta é a frase mais ouvida no local).
Não vou mencionar a falta de sombra e de sítios para descansar, o calor infernal e o caminho acidentado, nem os 400 degraus, nem as rochas que prometem (aos mais distraídos) um bom traumatismo craniano nem a falta de segurança em alguns pontos do percurso.
Vou esquecer-me de revelar a sensação geral de penitência, o desespero de chegar ao fim e a desilusão de ter de descer (e subir) mais degraus para chegar à Terra Prometida (a praia fluvial do Areinho, para quem começa o percurso em Espiunca).
Ocultarei as vezes que se pensa “se o arrependimento matasse…” e as outras em que se desejou muito ter ido a Arouca só para comer no “Parlamento” (em vez de fazer um piquenique literalmente na beira da estrada, num mato duvidoso).
Para as pessoas de quem gosto fica o aviso: os Passadiços do Paiva são o Inferno disfarçado de Paraíso. 
P.S. Ponto positivo para os WCs, que surpreenderam por não serem aquelas cabines das obras, por estarem (milagrosamente) limpos e terem papel higiénico.

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