Adeus, até ao meu regresso (Algarve)
A primeira vez que vi a Praia do Barril tinha 12 aos e foi por mero acaso.
Estava com os meus pais em Monte Gordo e uns amigos convidaram-nos a ir passar um dia a Sta. Luzia de Tavira.
Claro que o resto das férias foi a fazer o percurso Monte Gordo- Sta. Luzia de Tavira- Monte Gordo porque quem vê o "paraíso" não quer voltar ao "inferno".
A praia em Monte Gordo sofria, entre outras coisas, de sobrelotação enquanto que no Barril havia um enorme deserto de areia, com espaço para todos, o ambiente era mais convidativo e a envolvente super pitoresca.
Foi paixão à primeira vista e, desde aí, fomos, com amigos e família, sempre para a Praia do Barril até aos meus 21 anos.
Férias inesquecíveis que ainda dão azo a muitas conversas à mesa.
Lembramos a Ria Formosa com os caranguejos a espreitar e o cheiro típico do lodo da maré vaza; a ponte flutuante, o "comboinho" e a sua viagem, em marcha lenta, até à antiga (séc. XIX) armação dos pescadores de atum (transformada em complexo com bares, restaurantes, lojas e serviços de apoio à praia) ou a caminhada pelo trilho pedonal com a brisa e o sol por companhia; o avistar da praia, uma das mais calmas do Algarve, em toda a sua extensão (a perder de vista); o cemitério das âncoras, os banhos de mar e a apanha da conquilha ao pôr do sol; as famosas Bolas de Berlim, sem creme, vendidas por um senhor com sombrero e uma cesta no braço.
Ficávamos sempre alojados em casas alugadas na vila, Sta. Luzia de Tavira, terra do bom polvo e, de madrugada, íamos comprar bolos e pão quente à padaria artesanal (que ficava escondida no meio das casinhas) para comer na rua, à varanda ou no terraço sob o céu cheio de estrelas.
A padaria já não existe e o senhor das Bolas de Berlim tem um carrinho mas o resto está (quase) na mesma.
E é reconfortante voltar e sentir que não se perdeu a autenticidade e que, apesar das melhorias, não se descaracterizou nem a vila, nem a praia, nem a simpatia dos naturais.
Desta vez optamos por ficar no aldeamento que serve mais diretamente a praia, Pedras D'el Rei.
É um aldeamento turístico com casas e apartamentos simples mas totalmente equipadas, de traça algarvia, que se espalham por várias áreas ajardinadas. Com piscina, restaurante, bar, mini mercado, quiosque...tem tudo o que é necessário para uma estadia muito prática e relaxante.
Todos os hospedes recebem um cartão para uso gratuito do comboio que vai até à praia, vigiada e com bandeira azul. Quem quiser ficar mais confortável pode alugar espreguiçadeiras e toldos e pode ainda contar com um bom apoio em termos de serviços.
É chegar, esticar as toalhas e vaguear à beira mar até à hora do almoço, alternando banhos com pausas na areia. À tarde "passa-se pelas brasas" ou "trabalha-se para o moreno" com um bom livro nas mãos. Para as crianças mais pequeninas há um mini parque infantil; as mais crescidas podem fazer castelos de areia, que é coisa que não falta.
Os almoços no bar da praia são à base de sumos naturais, sandwiches, saladas, crepes...coisas leves para quem quer aproveitar o mar quente, mas também há um restaurante para quem precisar de algo mais consistente.
A nossa opção para o almoço era o sumo com a sandwiche mas ao jantar o caso mudava de figura.
Todos os dias dávamos um agradável passeio a pé até Sta. Luzia (cerca de 1,5km para cada lado) só para comer polvo, polvo e mais polvo, ameijoas, muxama (lombos de atum salgados e secos feitos numa única fábrica de conservas em Vila Real de Santo António), polvo, mais polvo e feijoada de polvo (o nº 1 do nosso Top do polvo).
Para quem estiver interessado nisto, fica a dica: restaurante "A Casa", mesmo na marginal.
Servem com qualidade inigualável.
Estes dias foram de total relax: comer, dormir e "espraiar" (fazer praia até "cair para o lado") e não necessariamente por esta ordem.
Para o ano vamos voltar porque para quem, como nós, não aprecia a confusão, este é a melhor forma de viver o Algarve.
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