À lei da moda
Gosto especialmente de duas leis: a de Murphy e a de Pareto.
A de Murphy diz mais ou menos o seguinte: "qualquer coisa que possa correr mal, correrá mal e no pior momento possível".
Não é nada animadora mas confronta-me com a ideia de que não posso controlar tudo e que, às vezes, o que tiver de ser será.
É uma lei que me deixa entre o assustada e o conformada mas gosto dela.
A de Pareto é mais matemática, baseia-se na relação 80/20 e é conhecida por se aplicar (praticamente) a tudo.
Até a questões de moda.
Assim sendo, diz-se que 80% das vezes que nos vestimos usamos 20% da roupa que temos.
E essa é a razão pela qual os armários de muita boa gente permanecem atulhados de peças que já não vêm o sol ou a chuva há anos.
O meu inclusive.
Daqui resulta a famosa frase "não tenho nada para vestir", enquanto se vislumbra o armário cheio de roupa.
Daqui resulta sair de casa sempre com os mesmos trapinhos.
Este truque do armário, que nos faz acreditar que estamos na penúria da moda, leva-nos a comprar mais roupa e, por conseguinte, a atulhar ainda mais e a descobrir, dias depois, que afinal até tínhamos o que precisávamos escondido algures entre cruzetas apertadas.
Frustrante.
Como reverter este problema que, geralmente, ataca os nervos femininos?
Dizem os entendidos que se deve aproveitar um sábado, um feriado ou umas férias para fazer a limpeza do armário.
Uma tarefa hercúlea (comprovada por moi-même).
Numa primeira fase tira-se tudo lá de dentro e espalha-se em cima da cama, do puff, da cómoda, do camiseiro, da porta.
Depois fazem-se montes de: roupa que mingou (aquela que, na verdade, já não nos serve); roupa que não vestimos desde o ano passado (ou será desde 1990?); roupa demasiado usada (a que implora pela reforma); roupa nova (que ainda tem a etiqueta); roupa temática (praia, cerimónia, dia a dia, desporto, escritório), roupa para arranjar (sem botões, descosida, com bainhas para refazer), roupa que gostamos incondicionalmente (a que não sai do armário nem que "caia o Carmo e a Trindade"), and so on...
Por último, despedimo-nos da que vai partir (conformamo-nos com a ideia de que já cumpriu a sua função) e reorganizamos a que fica segundo os nossos critérios.
Aqueles que são só nossos.
Pode ser por cores, por estilo, por estação, por conjuntos.
Eu, por exemplo, gosto de arrumar por categorias: calças de ganga, calças de fato, calças sport; vestidos de dia, de noite, as camisas, camisolas e tops e depois os casacos compridos e os curtos.
Não faço questão que estejam ordenados por cores mas é uma tática que pode resultar para alguém.
Fiz esta arrumação uma vez e, na ocasião, jurei para nunca mais.
Mas quando se chega ao ponto de alguém dizer: "andas sempre com a mesma roupa"....
Quando se chega a isto....
Não há como para manter o juramento.
Tenho mesmo de voltar a enfrentar o meu armário, não "à lei da bala" mas "à lei da moda".
Um livro que pode ajudar a vencer a luta com o armário |
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