Conta-me tudo (não me escondas nada)

Quem diz ou pensa que é só para os mais novos, desengane-se.
Quem diz ou pensa que é tarde demais, está completamente errado.
Quem diz ou pensa que não se pode começar ou recomeçar quando já se é crescido, vai ter uma grande surpresa.
As aulas de ballet para adultos são uma epidemia das boas e comprovam que vamos sempre a tempo de viver um sonho interrompido ou um que nunca chegamos a concretizar.
É possível independentemente da idade e da estrutura física. É possível porque se quer.
A exclusividade etária da dança clássica já era.
Agora há uma nova mentalidade que veio para ficar.
É a mentalidade de mulheres criativas e dinâmicas, com uma força de vontade invejável, sem complexos e com muita expressividade.
A exemplo destas bailarinas improváveis que, por o serem, quebram todas as regras instituídas, a Maria Fraldiqueira registou o fantástico testemunho de uma delas. 
Chamemos-lhe "Prima Ballerina" porque ela (s) merece (m) a distinção, não pela excecional técnica ou carreira ou reconhecimento público, mas pela dedicação, empenho, esforço e sacrifício de quem assume a dança como parte essencial da sua vida.

1 - Por paixão ou teimosia?

"Prima Ballerina": A dança e a música, sempre fizeram parte de mim. Ainda hoje me questiono acerca disso…

A solidão da minha infância (sim, há mais de 4 décadas, as crianças ficavam sozinhas em casa ou brincavam na rua, tomando conta umas das outras) desenvolveu a minha cumplicidade com uma aparelhagem Pionner, comprada em segunda mão pelo meu pai. Tinha uma capacidade sonora fantástica e servia para a minha busca incessante, através, penso que da Antena 2, de música clássica. Se bem me recordo ficava do lado esquerdo da régua que media as ondas hertzianas (há quanto tempo são digitais? Pois…).

No desenvolvimento do meu gosto por estas sonoridades, contribuiu em grande parte o meu vizinho do lado - o Cardoso, que só para me arreliar me tratava por Krista - que ao sábado de manhã, enquanto cuidava do seu magnífico aquário, punha todo o prédio a ouvir as mais famosas sinfonias. Até os canários cantavam, porque os peixes não podiam!

Naquela altura, só existiam 2 canais de televisão, felizmente a cores…branco, preto e cinzento! Como as emissões só começavam às 18 h…o dia era preenchido ou a ler, ou a ouvir música e a imitar os bailados (leia-se…movimentos) a que costumava assistir na RTP 2.

Com uma educação tão tradicional, castradora mesmo (1.ª filha e...mulher!), como a minha e sendo tão independente e sonhadora, a dança sempre foi uma libertação! Podia voar, rodar, saltar, esbracejar…lenta e suavemente…pertencer a outro Mundo, a uma outra Dimensão, só meus, que só eu entendia, onde só eu pertencia…eu e as minhas fantasias…

Depois de muitíssima insistência e porque as mães eram mães e não motoristas particulares, lá fui inscrita numa Escola de Ballet dirigida pela professora Fátima Valle da Veiga. Ia a pé e vinha de carro, numa fabulosa Diane da Citroen, conduzida por uma vizinha: a Rosinha, a quem ficarei eternamente agradecida! Foi pelas mãos desse casal maravilhoso – o Cardoso e a Rosinha – que desenvolvi o gosto pela música clássica e que frequentei as tão desejadas aulas.

A primeira delas foi um sonho tornado realidade! Foi de tal forma intensa, que no final, a Prof.ª me perguntou de que escola eu tinha vindo e há quantos anos dançava. Hum…de nenhuma…hum…desde que me lembrava…

Num País culturalmente atrasadíssimo (só?) por razões que nem vou descrever, desenvolver uma atividade artística que colidia com a atividade escolar, nem sequer era opção. Assim, dois anos após ter iniciado e por motivos completamente alheios à minha vontade…tive que parar. Lamentavelmente.

De nada valeu a Prof.ª falar pessoalmente com a minha mãe…naquele tempo os pais eram mesmo soberanos. Um não era isso mesmo: um não! Nem um talvez, ou um “nim”…era não!

Quando uma característica faz parte da nossa personalidade, ela inevitavelmente fica eternamente arreigada ao nosso ser. Bem mais tarde, quase a chegar à terceira década, surgiu a oportunidade de ingressar no mundo das Danças de Salão, tão diversas e que tanto me preencheram.

Nas Modernas o esvoaçar de uma Valsa Inglesa, com a alternância da velocidade dos movimentos, ora em baixo, ora nas nuvens, com toda aquela suavidade e leveza, melancolia até… contrastando com a energia e a alegria frenética de um Quickstep a fazer lembrar o pós-guerra e as décadas de 40-50. Os sentimentos absorventes e arrebatadores de um Tango, lento como o começo de um namoro, ou veloz como só a paixão o sabe ser, com aquele entrelaçar de pernas, aquele ir permanecendo-se, aquelas trocas de olhar, aquele querer sem querer…

Nas Latinas, o Chá-Chá-Chá, alegre e descomprometido, a Rumba, aquele namoro ondulante, pictórico mesmo, a fazer lembrar a corte das aves tropicais… o saltitante e alucinante Jive, uma das minhas preferidas com toda aquela hiperatividade, que lhe é tão peculiar. Isto para não falar do requebrar do Samba, com todo aquele jogo de cintura, de ancas, de braços…aquela explosão de brasilidade! Saudades…

Como “it takes two to dance”…então, surgiram as Sevilhanas! São das poucas Danças que se podem desenvolver com um par de senhora e cavalheiro, um par de senhoras ou com dois cavalheiros! Tal e qual o Tango Argentino! Muito salero, muito latino e…com uma musicalidade única, feita de emoções no quebranto das vozes e das cordas.

Bem no final da quarta década disse para mim e para quem me fez o grandessíssimo favor de me ouvir: “Cheguei aos quarenta anos. Daqui para a frente estou na minha curva cronológica descendente. Quero com isto transmitir que daqui para a frente é sempre a melhorar! Vou fazer o que gosto, o que me dá prazer, o que ainda posso fazer se o meu corpo assim o permitir!”. Foi mais um grito do Ipiranga (tive alguns ao longo da minha vida, felizmente!) em jeito de “mi aguardi” (com sotaque brazuca, fais fabô!).

E eis que chega um “belo” dia, em que o meu fisiatra sinistramente me propõe: “E que tal aulas de reposicionamento postural?”…ao qual  o meu cérebro respondeu: “Quê??? Quoi??? What´s in hell??? Are you nuts???”  Um fisioterapeuta só para mim, uma seca de tratamentos, tempo que não tenho, dinheiro que não quero gastar e…Oh, que aborrecimento…Hum…Nah…eu vou voltar mas é para o Ballet e é já! Ontem já era tardíssimo! Enquanto me conseguir mexer, digamos, com uma certa dignidade, enquanto o corpinho da menina não a envergonhar, lets go, gagdet go, antes que venham as próteses de ombro, anca, joelho e afins!!!

Umas das grandes lições de vida: nunca deixes para a amanhã o que ainda podes fazer hoje!

Se amas de paixão, nem hesites: vai atrás! Só te arrependerás do que não fizeste, do que não tentaste, do que não aprendeste, dos caminhos que não percorreste…e se bem que o tempo nunca volta, as oportunidades também não costumam bater mais que uma vez à porta da vida.

Paixão ou Teimosia? Paixão e teimar em não deixar que os anos passem sem deixarem uma marca. Sem que se ultrapasse uma meta…

2 - Sacrifício ou puro prazer?

"Prima Ballerina": Nada na vida é fácil, mas também nem tudo tem que ser um dramalhão!

A Dança e sobretudo depois de tantos anos, exige disciplina, provoca algumas dores (se bem que lindoquinhas, quando sinónimo de evolução), mas quando é por gosto, nunca cansa: revigora!

Sinceramente, odeio piegas e pieguices. Todos temos a vida que escolhemos, todos traçamos o nosso caminho, todos temos as nossas metas. Não há armas apontadas à cabeça de ninguém. Tenho orgulho em ser, na minha família e não só, a ovelha colorida do rebanho: a que quebra padrões.

Fui a primeira prima a ter a carta de condução à primeirinha, a primeira a ter um curso superior, a primeira a ir de férias com as amigas (ao volante do seu R5 fabulástico), a primeira a sair de casa dos pais…solteirinha da Silva, a primeira a ter um apartamento só seu, a primeira a casar sem cerimónia religiosa, a primeira a ter dois empregos, a primeira a ser mãe após os 35 anos, a primeira a divorciar, a única a sustentar sozinha uma filha, uma casa…com muitíssimo orgulho e com o nariz, bem levantado!

O Ballet preenche-me: são os meus momentos semanais de puro prazer, em que “trabalho” unicamente para mim, para o meu bem-estar físico e mental, em que tudo fica lá fora, do outro lado da cortina. Deixa pura e simplesmente de existir. É o meu equilíbrio, a minha sanidade, o meu ser, aquela bolha em que se transforma o meu mundo e que me transporta para uma outra dimensão, outra realidade. O resto, passa a ser só isso: o resto. Uma espécie de sobrevivência quotidiana, controlada tantas vezes pelo relógio, pelas contas a pagar, pelas incontáveis obrigações diárias que me sugam praticamente toda a minha energia vital.

Através da dança, daqueles momentos (mesmo longe da perfeição, mesmo que por vezes me causem dor e me deixem completamente frustrada), carrego as minhas baterias e tudo o resto se relativiza suavemente…como se um nevoeiro purificador, energético e saudável me envolvesse e me ajudasse a enganar o meu corpo e a minha mente…voltando-me a sentir como se fosse uma miúda, aquela que no fundo não pude ser na altura devida, mas a quem os sonhos nunca abandonaram.

Sacrifício? Sim…por vezes estou tão exausta que não me apetece, sobretudo quando a minha filha não está…quando a tristeza e a solidão me atravessam e se demoram mais do que deviam.

Puro Prazer? Sempre! Se não, a esta altura do campeonato, não fazia todo o sentido que sei que faz! Até porque…já cheguei há tempos a uma idade em que não faço fretes a ninguém, nem por ninguém…a tal contagem cronológica decrescente, certo?

3 - Momento "ainda me querem no Bolshoi"

"Prima Ballerina": Nem sei se o Bolshoi alguma vez me quereria…Hum…já tive uma amiga russa e a experiência não foi lá muito enriquecedora…mas deu para perceber que há quem tenha objetivos em tudo diferentes dos nossos e que…gosto tanto de ser como sou…assim, no meu modo de “pessoa normal”…bom, melhor não definir normalidade…

Desde o meu regresso que tive momentos de puro prazer emocional …e esses já ninguém me tira. Nem o Dr. All…o tal alemão…

Serão poucas as mães que dançarão no mesmo espetáculo com as respetivas filhotas! A felicidade da minha filha quando integramos pela primeira vez o mesmo espetáculo e pisamos juntas o Palco do icónico Rivoli, a mais carismática sala do Porto! Parecia em tudo como os felizardos do “Querido mudei a casa”: Não tenho palavras!

O sobe e desce as escadas, os olhares, os sorrisos, os apertos (vulgos “xi-coração”), as fotografias, as maquiagens, os adereços, os espelhos, as luzes, o palco, a emoção, os sorrisos,  a partilha, as palmas, a satisfação, o objetivo cumprido, o quero mais…é preciso experienciar, sentir, ouvir, estar, pertencer, fazer, ser…viver…

Tenho ainda um objetivo…vá lá, dois...

Um a cumprir até aos cinquenta anitos e que diz diretamente respeito ao Ballet: dançar nem que seja uma vezinha só, em palco e…em pontas! Só um Echappé croisé…um Couru, que seja…uma voltinha com as mãos e os braços lindos de morrer…assim, simples e singelos, suaves, lindos…sem que se note uma réstia da flacidez adepta do “Tchau” Carioca, do “Táxi” Londrino e do “Bingo” de Las Vegas!

Pode ser que sirva de incentivo a quem ache que já não tem idade (conheço gente tão, mas tão mais nova do que eu…mas tão infinitamente mais velha, que até dói!), a quem costuma dar ouvidos a palavras alheias…e que faça acreditar que, com algum esforço, se consegue!

Quando o meu corpo me confidenciar que chegou a altura em que talvez seja melhor dedicar-me a algo mais soft, quiçá à pesca, gostaria de voltar às Danças de Salão e de concorrer a Nível Nacional como Sénior, porque parar é morrer e o sonho é o que nos mantem vivos e saudáveis em corpo e em mente!

Se faz parte da minha vida? Definitivamente: faz parte de mim!"

4 - Momento "vou dedicar-me à pesca"

"Prima Ballerina": Hum…não gosto de pesca! É demasiado atribulado…ficar ali à espera, a vê-los passar…é muito arriscado, perigosíssimo! Cansativo mesmo…Se bem que tenha aprendido que para certas pessoas e certas situações, tenho tempo para esperar “The Big Fish”…até porque o Karma é lixado ou não concorressem as Forças do Universo para um Equilíbrio Perpétuo…

Se um dia chegar a uma idade mais entradota (a semana passada chamaram-me veterana…), se as ditas Forças compactuarem entre si e decidirem levar a melhor sobre o Dr. All e afins…Nah…acho que vou ser como aquela senhora que se alimentava de “galões” e que aparecia em todos os concursos televisivos relacionados com Danças de Salão, com indumentárias made by her self, qual Barbie Dançarina, de cabelo pejado de laca e com infindáveis saias rodadas…mas que continuava a divertir-se a dançar e a ser um exemplo para uma faixa etária por vezes tão esquecida e solitária.

Arrepender-me? Sim, “arrependo-me” de aos catorze/quinze anos de não ter regressado. Foi-me dada a oportunidade de tentar ingressar na escola que funcionava no Parnaso e na altura achei que com a minha idade já não dava. Que contrassenso…”naquela idade”, pois, na da parvoeira!

Se teria sido melhor? Nunca saberei, pois não podemos voltar atrás no tempo e ver o que correu melhor e escolher em definitivo esse caminho. Só escolhemos uma vez. Mas se soubesse o que sei hoje: só me arrependo do que não fiz!

Se me arrependo de ter voltado? Nunca! O meu anjinho da guarda, aquele que fica no meu ombrinho direito e ao qual eu dou um trabalhão danado…é bem meu amiguinho e achou por bem dar-me esta oportunidade, numa fase da minha vida em que definitivamente nem tudo eram rosas. Se eu a ia desperdiçar? As oportunidades não costumam vir acompanhadas de um cartão-de-visita a dizer: “Vá lá! Por favor! Era mesmo bom que te dignasses a aceitar-me!

5 - Medalha de recomendação ou alfinete vodoo?

"Prima Ballerina": Vale sempre a pena quando fazemos algo que nos dá prazer, que nos completa, que nos preenche, que nos faz sentir maiores, mais capazes…não numa base de superioridade, mas num sentido em que passamos a gostar cada vez mais de nós e a relativizar, e muito, aquilo que possam pensar ou dizer os outros, que são só isso mesmo, os outros…aqueles que não trabalham por nós, não sentem por nós, não vivem por nós e que de facto nem sequer nos conhecem.

Chega-se a uma fase do nosso crescimento pessoal em que afinal são as coisas simples, os desafios que superamos, as amizades salutares que construímos, que nos empurram para a frente e que nos dão aquele ânimo, aquela força anímica, no meio de uma vida, a maior parte das vezes tão turbulenta, que se fossemos parar para refletir…

Seja o Ballet, sejam as Danças de Salão, sejam as Sevilhanas, seja o que for…cumprir um sonho, faz com que a esperança não esmoreça, faz com que tenhamos um foco, um equilíbrio.

A Vida para mim é como uma viagem, na qual vamos traçando o nosso caminho… mesmo quando não o escolhemos, mesmo por omissão. Porque aí, alguém ou algo o escolhe, inevitavelmente, por nós. Não é o Destino. Esse, só nos aponta as várias vias. Quanto à escolha, essa, é sempre nossa, naquela hora, mediante aqueles fatores, segundo os nossos conhecimentos e…sentimentos da altura.

Durante essa Viagem, vamos encarando certos desafios que vão condicionar, o nosso ser e a nossa aprendizagem. Vamos crescendo e vamo-nos moldando à medida que escolhemos. Muitas vezes aprendemos pela mais básica metodologia pedagógica: a da tentativa-erro, que é como quem diz, “Bolas! Foi preciso ter batido com a cabeça na parede, mas desta aprendi!”

Nunca deixei de pensar “E se tivesse ido para o Parnaso?...E se tivesse ido para a Escola da Margarida Valle?...e se?...” A Vida não se constrói com base nos “ses”. Ninguém consegue viver sustentado por um batalhão de “ses”.

Nunca pretendi “medalhas”, “prémios” ou “taças”. A satisfação é muito mais do que uma mera compensação. É algo que nada, nem ninguém me pode tirar, algo que vai perdurar na minha memória, na memória da minha filha e quem sabe, na de outras gerações (“Sabes, a tua avó, sim…a que era uma ganda maluca!”). Porquê? Porque simplesmente faz parte da minha identidade.

Se recomendo? Obviamente! Nunca devemos desistir dos nossos sonhos, sejam eles, quais forem, sob pena de nos enredarmos na teia interminável das hipóteses…com o relógio sempre a andar…Por isso, se queres experimentar: experimenta! Se queres tentar: tenta! Se queres fazer: faz! Mas emprega pelo menos uma pitada de Paixão em tudo o que faças na Vida, fazer por fazer, ser por ser…sabe a muito pouco!

Porquê comer o Caldo Verde morno se ele é tão bom quentinho?

Porquê comer o Gaspacho morno se ele é bom é fresquinho?

Alfinete de Vodoo? Bom…quem não arrisca, não petisca! Nem sequer lhe prova o sabor…embora fique sempre a vontade, atiçada por aquele cheirinho delicioso que o vento insiste em nos trazer…mas verdes continuarão as uvas, certo? E enquanto se fica naquela infinita indecisão, as caravanas vão passando carregadinhas de oportunidades…e naquela janelinha do lado, com as cortininhas debruadas com franjas descoradas, vislumbras uma mãozinha, com luva de pelica vestida, a acenar-te…a acenar-te…mecanicamente a acenar-te…qual Queen Elizabeth II no seu estrondoso e realíssimo coche dourado!


Comentários

  1. e bailarina que ainda quer aprender muito no futuro, identifico-me bastante com este texto! A "Prima Ballerina" conseguiu de uma forma fantástica passar uma mensagem importante, positiva e ao mesmo tempo leve como um passo de ballet. No fim, mesmo cansadas, stressadas com o trabalho ou com imensas tarefas a cumprir, devemos parar e desligar, e a dança faz isso tão bem! Porque nos dá prazer, é a nossa paixão e nunca podemos desistir daquilo que nos faz bem!

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