Produção em série (#5)

Quando vi a apresentação confesso que fiquei entusiasmada com a série.
Pensei que era uma espécie de Fame mas centrada no ballet. 
De episódio para episódio, fui percebendo que Flesh and Bone está longe de ser uma série inocente.
E isso surpreendeu-me. 
Pela negativa. 
Fame era efusiva, colorida e musical. Não fazia mal a ninguém.
Os episódios eram cheios de vida e artisticamente contagiantes e a Escola de Artes era onde toda a gente queria estudar.
A exigente professora que dizia " querem fama? pois a fama custa e é aqui que vocês começam a pagar; em suor", o bailarino super talentoso mas rebelde, a aluna ambiciosa mas aplicada, o aluno aspirante a comediante e o irónico professor de música. Estas eram algumas das suaves e caricatas personagens responsáveis pelo sucesso da série. Queríamos mesmo ser um deles.
Flesh and Bone é obscura, crua, controversa e perversa. Devia estar presa por atentado ao pudor e outros crimes.
Os seus episódios não têm a alma do ballet dos tutus cor de rosa mas sim a do Cisne Negro.
A companhia de bailado com problemas financeiros e de afirmação no complexo mundo artístico é o pesadelo de qualquer pessoa.
O diretor artístico chocante e temperamental, a prima ballerina desesperada e viciada, a bailarina com vida dupla e aspirações a solista, a que é anorética e complexada, o bailarino que está disposto a tudo e a rapariga "zé ninguém" que se auto flagela e que (sem saber como) se transforma na estrela da companhia. Estes são exemplos das personagens doentias que dominam a série.
O submundo, sem glamour, da dança clássica não oferece os momentos de beleza que fazem sonhar os amantes do ballet.
E, por isso, cada episódio é um "balde de água fria".
O poster de apresentação da série até tem uma imagem lindíssima (mas que mostra a contradição que pretende ser Flesh and Bone) que combina lindamente com o vídeo de abertura dos episódios.
Pensando bem, por aqui devia ter percebido que nunca poderia ser um revivalismo da queridinha Fame.



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